segunda-feira, 4 de agosto de 2008

JAMES BROWN - Get On the Good Foot (1972)

Agradecendo ao Blog produto digestivo, de onde chupinhamos essa matéria interessantíssima sobre o sex machine. É o que eu sempre disso... o funk nao pode ser bem comportado. O dia que o funk carioca encontrar um grupo que lhe de a qualidade musical dos discos do Tim Maia, teremos a vertente brasileira de musica negra que ira dominar o mundo.

http://produtodigestivo.blogspot.com/


Mais do que do que "Mr. Dynamite", mais do que o "Padrinho do Soul", mais do que o "Ministro do Super Heavy Funk", todos epítetos dados a si mesmo, James Brown era o funk em pessoa. Cabelo inacreditável em forma de capacete, dentadura alvíssima, roupas acetinadas e extravagantes e aquele suor constante que umidificava seu rosto, resultado do mais puro sexo que a música já experimentou em cima de um palco. E o sexo que mr. Brown praticava fora dele era tão selvagem quanto a sua música; as moças que apanharam dele que o digam. As pedras fundamentais do funk, soul, r&b e, por transubstanciação, do hip hop anos depois, "Sex Machine", "Hot Pants", "I Got You (I Feel Good)", "Cold Sweat", "I Got Ants in My Pants", além da porrada anti-racista "Say It Loud - I'm Black and I'm Proud" (em que crianças brancas e orientais cantam o refrão), rolam 40 anos depois com o mesmo viço. Bem, clássicos são exatamente isso. Ou, como ele imodestamente disse em 1990, "estou sempre 25 anos à frente do meu tempo".
A capa de cetim que usava nos shows era só um dos aspectos da africanidade de Brown. Ele era o chefe de uma tribo que "aprendeu tudo que ele ensinou -mas ele não ensinou tudo o que sabia", como escrevera em sua autobiografia. A complexidade negra teve poucos tradutores tão viscerais como James Brown. Apesar de dar voz (rouca, improvisada, genial) aos negros numa época em que os negros começavam a ganhar voz (e, é claro, ganhava eco entre os brancos), Brown era ambíguo politicamente e conservador em relação aos membros de sua banda, que eram só menos maltratados do que as mulheres que se deitavam com o Funk Soul Brother.
Em 1968, ele cantava alto que era negro e tinha orgulho disso. Anos mais tarde apoiava a reeleição do republicano Richard Nixon. Da banda que comandava com cetro de ferro, Brown chegava a cobrar multa por um sapato menos engraxado do que o aceitável --por ele, o homem que brilhava literalmente da cabeça aos pés. Pergunte a Maceo Parker e a Bootsy Collins.
E Brown dançava. Como ninguém. Talvez como o Diabo. Michael Jackson e seu "moonwalk" são tributários dos rodopios, parcerias com o pedestal do microfone e abertura de pernas, dignos de figurarem em "calças quentes".
Como se trata do pai do funk* , o Mr. Dynamite não teve uma vida limpinha, como, digamos, o pai de um gênero mais comportado como a bossa nova. James Brown era mau, e foi mau até o fim. Criado na infância num puteiro da Georgia, o menino teve problemas com a polícia desde então (por causa de drogas, roubos, armas etc.) e até 2004, quando foi fichado por violência doméstica --"It's a Man's Man's Man's World", já havia avisado.

Enfim, desde ontem o gênio do funk, o padrinho do soul, o "boss" do ritmo e do blues está, espero, não no céu, mas no “inferno” que ele ajudou a materializar aqui na Terra: quente, sexy, rico e certamente acompanhado de metais endiabrados (ops!). Porque o céu deve ser um tédio para Brown, e o groove mora perto dos malfeitores para sempre. Amém


* No inglês coloquial, funk significa forte odor, particularmente sexual, que pode ser associado ao suor de quem dança com entusiasmo
http://www.badongo.com/file/2876443

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