sexta-feira, 18 de abril de 2008

“Detalhes tão pequenos de nós dois” – Os que são lindos de morrer.


Dorival CaymmiCanções praieiras (1954) – Gênio. Simplesmente o disco mais bonito do mundo. Todas as canções são primorosas, a interpretação vem do fundo da alma, como se a morte – tema principal junto com o mar- viesse cantar pra gente. Basicamente voz e violão, a beleza dessa obra prima é inexplicável.
Uia... o link. Na verdade aqui tem os dois primeiros discos do cara em um só. Enfim, aquela velha história: comigo, malandro só sai no lucro.
Pegue seu moço, num se avexe:

Milton Nascimento - Clube da Esquina (1972) – O equivalente mineiro do movimento tropicalista tinha que sair assim. Meio desconfiado, digerindo devagar as informações, pegando aquela parte do Brasil que fica escondida entre as montanhas e ajuntando com um jazz mais sutil, pra fazer uma coisa menos escandalosa, mais ao sul, e profundamente nossa. O lado melancólico do país, que não aparece na propaganda mas fica bastante claro num poema de Drummond, por exemplo, em um samba canção, ou em uma moda de viola. O resultado é um disco lindo do começo ao fim, uma música mais bonita que a outra. Todos os caras (Milton, Beto Guedes, Lô Borges, Flavio Venturini) no melhor momento de sua carreira. E é claro, o arranjador era o Deodato.
DOWLOAD: http://rapidshare.com/files/40104039/1972_Clube_da_Esquina_aisporecords.zip.html

Caetano VelosoJóia. Gênio. Caetano faz um trabalho experimental e reduz a canção a seu mínimo. Voz, um ou outro instrumento, poucas palavras, silêncios, melodias e letras inspiradas. O resultado é o disco ‘minimalista’ mais bonito da história da música brasileira. Existe outro?

Luis GonzagaColetânea 50 anos de Chão. Gênio. Não adianta. Com tudo que já se fez de literatura regionalista, cinema novo, música de protesto e tudo o mais, retratando as mazelas e belezas do sertão, nada conseguiu ir tão fundo e emocionar mais do que as músicas de Luis Gonzaga. Na voz dele, e no estilo que ele desenvolveu e deu forma definitiva (pode-se dizer que o cara criou a forma estética do nordeste, e tudo que há de regionalismo na nossa música deriva daí), sentimos o lado sertanejo do país com uma intensidade que não existe em outro lugar, tanto no lamento da dor como nos momentos mais alegres. Gonzagão é o próprio nordeste tornado música, um dos monstros da música brasileira.
Rouba aê:
CD 1
http://lix.in/2c28d482
CD 2
http://lix.in/b396648f
CD 3
http://lix.in/30a74d20

Roberto CarlosRoberto Carlos (1969). Ah... o bom e velho rei. O Roberto é assim, e nesse intervalo entre o fim do ie ie ie e a descoberta do gênero brega romântico que lhe é característico, ele conheceu Tim Maia, conviveu com os tropicalistas e achou que a solução para seus problemas de público seria a música negra (que além de tudo é cristã) e arranjos mais elaborados. Juntando isso a seu talento excepcional como intérprete, o cara realizou alguns dos melhores discos da nossa música (entre 67 e 71). Essa pérola poderia estar também na lista de discos para dançar, mas canções como “As flores do jardim da nossa casa”, “Sua estupidez” em versão definitiva, a maravilhosa “Aceito seu coração”, fazem com que eu a coloque nessa lista de cá. Mas todas essas mescladas na dose certa com algumas mais swingadas e alguns funks exelentes como “Nada vai me convencer”, “Não vou ficar” e “As curvas da estrada de santos” em versão melhor (pasmem) que a da Elis. Maravilhoso.
Saca o link, bixo:
http://rapidshare.com/files/95724408/Roberto_Carlos_1969_DL_Music.rar

João Gilberto O Mito (1959 – 61) Gênio. Pois é, os divisores de água, os discos que fizeram a história da música brasileira dar uma guinada irreversível, o marco zero que possibilitou a existência de um conceito como MPB, a condição de possibilidade de toda a nossa música moderna, e que permitiu o desenvolvimento de alguns dos maiores artistas da nossa história. Enfim, sem sombra de dúvida, um dos momentos mais importantes de nossa vida cultural no século XX, para o bem ou para o mal – afinal, é elitista pra caralho. Reunidos aqui, os três primeiros discos de João Gilberto, arranjados por Tom Jobim. Um marco, que é bonito pra caralho e não é chato igual a muita coisa posterior da Bossa, do próprio João Gilberto, ou do Tom Jobim.
Desafina aqui:
http://rapidshare.com/files/17056857/JG_O_Mito.rar

Elis Regina e Tom JobimElis e Tom (1974). Geniais. Só pela gravação clássica de águas de março já valeria estar aqui, um dueto que provavelmente é a melhor gravação da nossa música. Mas é certo que o disco mantém o mesmo nível. Cada canção é uma pérola, minuciosamente trabalhada. Juntos, nossa maior intérprete, já madura o suficiente pra usar sua voz como um outro instrumento, sabendo melhor do que ninguém que nem só de afinação sobrevive a música; e um dos arranjadores mais importantes da história moderna da MPB, além de excelente compositor (agora cantor.... hmmmmmmmm). Repertório impagável – é verdade que algumas das versões dão sono, mas mesmo essas são lindas - músicos excelentes e em ótima forma. O disco foi muito saudado antes mesmo de estar pronto –especialmente pela elite universitária popular - e depois que apareceu só confirmou o talento dos caras envolvidos, e o quanto é ridícula a nossa elite. E é claro, confirma também que a Elis é um monstro, a maior de todas as nossas intérpretes.
Demorô:
http://www.mediafire.com/?92yxxmm53pj

Clementina, Geraldo Filme, Tia DocaO Canto dos Escravos. Esse disco é resultado de um trabalho de antropologia e foi lançado junto com um livro, que eu nunca vi, a respeito das músicas cantadas pelos escravos no cativeiro. A escolha dos intérpretes não poderia ter sido mais feliz, pois além da voz e estilo de interpretação fantásticos, todos são descendentes diretos de escravos, o que torna a interpretação realmente emocionante. E as faixas não são estilizadas, sendo basicamente percussão e voz. Um trabalho muito bonito que nos ajuda a relembrar um pouco dum período cruel da nossa história (outro deles), e da força daqueles que dele participaram.
Putz... desse aqui eu só achei link zoado na net.. foi mal aí... posto outra hora, prometo! E o pior é que é justo esse que todo mundo quer, é lógico! O mais dificil de achar...

Maria Bethania Drama (1972) – Apesar de possuir uma das vozes mais lindas do país, e saber interpretar como ninguém, Bethania tem o mesmo defeito do Roberto Carlos, Milton Nascimento, etc... é no fim das contas, brega pra kct. Daí o desperdício de todo seu potencial com gravações de mau gosto. Só que mau gosto de classe média, uma espécie de Robertão dos ricos. Mas quando ela acerta, como nesse caso, a gente tem que reconhecer que a mina é foda. Versões diretas, sem conversa mole, por vezes esparramando paixão por todos os poros (mesmo em seus melhores momentos, ela não deixa de ser exagerada), mas de extrema competência, um Paulo Vanzolini genial, dosagem muito bem realizada na escolha do repertório, músicos muito competentes e arranjos excelentes (tropicalismo discreto), valorizando a potência da moça, tudo isso na voz feminina mais abençoada que já apareceu no país. Um belo trabalho.
Clica meu nego....
http://rapidshare.com/files/20930797/Maria_Beth_nia_-_Drama__Anjo_Exterminado__-_1972.rar

Vital Farias, Xangai, Elomar e Geraldo Azevedo - Cantoria I (1984) Não é um disco típico de cantadores nordestinos, porque esses quatro não são cantadores ou violeiros no sentido mais tradicional do termo. Elomar tem um que de eruditismo experimentalista regional (nossa, isso ficou ótimo), Vital Farias algo de psicodélico e Geraldo Azevedo está ligado à tradição pirada do udigrudi pernambucano, conservando fortes traços de MPB – certo que da MPB violeira. Desses acredito ser Xangai o mais popular, no sentido estrito do termo. Em todo caso, esse disco que marca o primeiro encontro entre essas personagens só tem pérolas, uma música mais linda que a outra, interpretadas de forma magistral, nos levando a uma vigem por regiões distantes e por tempos que já se foram. Sem contar que tem a melhor versão de “Ai que saudade d’ocê”, e uma das músicas mais lindas do Geraldo Azevedo, “Novena”. Um disco lírico e ao mesmo tempo divertido, como só os nordestinos são capazes de fazer, com interpretações marcantes – o que é essa voz do Elomar meu povo? – e canções maravilhosas.
Eita trem bão danado...
http://lix.in/5e6f5a00

Gilberto GilRefazenda (1975) Gênio. Possivelmente o maior da história da música brasileira, Gilberto Gil é a própria música. Possui o talento raríssimo de conseguir transpor qualquer sonoridade de qualquer região do mundo pra solo tupiniquim. Um disco de música indiana cantado em português pelo cara seria sucesso de público, de crítica, e de quebra seria um marco na história dos ragas. E isso em música popular é o mais difícil de se fazer, porque toda canção possui uma materialidade que a mantém solidamente ligado ao solo de onde brotou. Daí os gêneros intransponíveis, como o samba, e a genialidade de um japonês que conseguisse fazer um disco muito bom no estilo, em japonês. Dotado de percepção e inteligência musical que só caras como Beethoven, James Brown, Hermeto Pascoal, Miles Davis, etc, tem, e que só aparecem de tempos em tempos, tudo que o cara toca vira ouro. Eu diria, forçando a barra porque o cara merece, que até quando ele erra, acerta, ou vai dizer que as músicas ruins do Gil não são muito melhores que a média das músicas que a gente ouve por aí? Além de ser esse monstro como compositor, o cara é um dos melhores intérpretes do país. Ninguém consegue acompanhá-lo nas improvisações, muda de tom como se mudasse de tênis, respira ritmo, e tem um carisma... enfim.. na minha opinião, o mais completo artista brasileiro na atualidade. E esse disco é uma pérola. O projeto tropicalista havia acabado de vez no disco anterior (outra obra prima – Expresso 2222) e o cara agora se voltava de vez para as misturas que havia aprendido a fazer, sem a preocupação de parecer experimental, continuando o reencontro com suas raízes, com a música pop, cantando e compondo como nunca, arranjos maravilhosos (ah! as orquestrações inteligentes...), melodias lindas, tocando pra kct... enfim, o resultado tai procê ver, refazendo tudo.
Refaça tudo aqui:
http://rapidshare.com/files/98075249/Gilberto_Gil_-1975-_Refazenda__320_.zip

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