terça-feira, 15 de maio de 2007

Festa da virada

Pra apagar a péssima impressão deixada pelos ultimos acontecimentos lamentáveis na praça da Sé, a prefeitura organizou a Festa da Virada, chamando vários artistas que se apresentaram na semana anterior e outros que tiveram seus shows cancelados. Tivemos Pato Fu, Alceu Valença, Karnak, Teatro Mágico, Andrew Tosh, pra comemorar o dia das mães e mostrar que o povo é de paz... foi o evento mais hipócrita e ordinário que eu tive o desprazer de acompanhar nos últimos tempos...
Pra começar, os shows foram todos convocados às presas, para apresentações de 30 mmin... é no mínimo um desrespeito chamar o Zimbo Trio, com tudo que os caras representam para a história do país, pra tocar 3 músicas... E o Andrew Tosh então? O cara chegou acompanhado de um mano na percurssão e fazendo playback... ridículo. Alceu Valença mesma coisa, voz e violão. Os shows com bandas completas - Pato Fu e Karnak - tocavam 4 ou 5 músicas e iam embora. Todas as apresentações - até onde eu vi, porque eu fugi na hora do teatro mágico - foram mais simbólicas do que efetivas, mas ao invés de simbolizar a paz, como eles queriam, simbolizavam o descaso do Estado para com a população.
O número de policiais que estavam presentes era absurdo... tão grande que parecia ter mais policia do que gente no lugar... fizeram uns corredores de metal cortando toda a praça, e ali no meio a polícia olhado para os dois lados... e ainda o pessoal do palco tinha coragem de falar em festa da paz... com um monte de fardado segurando o 38 na cintura... a praça parecia mais um banho de sol de algum presídio.
O público era bastante homogeneo... nada de manos com boné enfiado até os olhos, cara de poucos amigos, roupas largas... só boy descolado e minas pats ou hippie de boutique - moda fflch - um ou outro preto perdido... tudo rolou sem nenhuma confusão até o final. Foi a expressão perfeita do tipo de paz possível no país (e que é anunciada pelo Racionais no seu primeiro disco "Hey boy, que vc ta fazendo aqui? Aqui não tem nada pra voce"). A segregação filha da puta de ricos e pobres, com prejuízo para os pobres, evidentemente. E ainda tinham aquelas porcarias de lencinho branco... e o teatro mágico...
E é claro, acima de tudo, a ausência do Racionais, não só em presença efetiva, mas também no público, que não se viu comtemplado com nenhuma atração de Hip Hop, mas nos comentários também. Nenhum artista teve a decencia de comentar os acontecimentos (não chegeui a ver a Leci Brandão), a não ser pra lamentar em nome de uma paz abstrata que era contrariada na prática pelo cordão de isolamento policial na praça e na tonalidade única de cor...
"Olha quanto boy
Olha quanta mina
Afoga aquela vaca dentro da piscina"

2 comentários:

  1. Até imaginei a festa regada a frases bonitas, dignas de serem exibidas no Domingão do Faustão sem ofensa aos pais e mães de família que, junto com seus filhos, assistem ao concurso de dança dos famosos(loucos pra que aquela atriz gostosa da novela das 8 caia e mostre a bunda por baixo do vestido curto de dançarina de salsa).
    Moral da história: ninguém sabe ocupar o espaço público! Vc sabe?

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