quarta-feira, 2 de maio de 2007

Clementina de Jesus

Eu queria postar aqui o fantástico Gente da Antiga, com Pixinguinha e João da Bahiana (um criou os arranjos do samba, o outro, o pandeiro) só mandando os clássicos do samba... não achei na Net, vou ver ainda se consigo, mais fica pra depois.. pra compensar, dois discos extraordinários também, o primeiro com Carlos Cachaça, o eterno parceiro do Cartola, e o segundo, que eu coloco entre os melhores discos brasileiros de todos os tempos... três descendentes diretos de escravos cantando as cantigas que ouviam de seus avós, sempre com interpretações assombrosas (Geraldo e Clementina são os melhores intérpretes que eles poderiam ter escolhido)
[fonte] Dicionario Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Seu pai foi mestre de capoeira e violeiro. Com a mãe aprendeu os cantos de trabalho, partidos-alto, ladainhas e jongos, assim como corimás e ponto de macumba.A família mudou-se para o bairro de Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
Ainda menina, aos 12 anos, desfilava no Bloco Moreninhas das Campinas. Três anos depois, já cantava no coro de uma das muitas igrejas do bairro de Oswaldo Cruz. Por essa época, freqüentava as rodas de samba na casa de Dona Maria Nenê. Mais tarde, foi para o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela.
No ano de 1940 casou-se com Albino Pé Grande e foi morar no morro da Mangueira.Trabalhou muitos anos como empregada doméstica e somente aos 63 anos começou a carreira artística, lançada pelo letrista e produtor Hermínio Bello de Carvalho.
Durante sua vida, recebeu várias homenagens, entre elas a do então Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Darcy Ribeiro, no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, em agosto de 1983. O evento contou com a presença de várias personalidades e artistas, como João Nogueira, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Elizete Cardoso, Orquestra Sinfônica Brasileira, Ala das Baianas de várias escolas de samba, Gilberto Gil, Dona Zica, Dona Neuma, mestres-salas e porta-bandeiras, acompanhados pela bateria da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira.
Em 1985, recebeu do governo francês, através do Ministro da Cultura Jack Lang, a "Comenda da Ordem das Artes e Letras", com a presença de Jorge Amado, Caetano Veloso e Milton Nascimento.Ficou conhecida como a Rainha Ginga ou Quelé. A primeira homenagem foi dada devido a sua importância e grandeza na música popular, e a segunda devido à corruptela carinhosa de seu nome.
Dados Artísticos
Apareceu inicialmente para o grande público no ano de 1964, quando, a convite de Hermínio Bello de Carvalho participou do show "O menestrel" (c/ Turíbio Santos). No ano seguinte, integrou o musical "Rosa de Ouro", apresentado no Teatro Jovem do Rio de Janeiro e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e Kleber Santos, que contou também com as participações de Anescarzinho do Salgueiro, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Araci Cortes e Nelson Sargento. Do show foram editados os LPs "Rosa de Ouro" e "Rosa de Ouro Volume II", em 1965 e 1967, respectivamente e nos quais interpretou lundus, jongos e sambas: "Benguelê" (Pixinguinha e Gastão Vianna), "Boi não berra" (domínio público), "Sementes do samba" (Hélio Cabral), "Nasceste de uma semente" (José Ramos) e "Bate canela".
Elton Medeiros compôs em sua homenagem o partido-alto "Clementina, cadê você?". O show seguiu em turnê pela Bahia e em teatros São Paulo.Viajou para Dacar e Senegal, representando o Brasil no "Festival de Arte Negra", acompanhada de Elizeth Cardoso, Elton Medeiros e Paulinho da Viola no ano de 1966.
Nesta mesma época, participou de concertos na Aldeia de Arcozelo e em dueto com Helcio Milito, apresentou na Sala Cecília Meirelles, do Rio de Janeiro, a "Missa de São Benedito" de autoria de José Maria Neves. No ano seguinte, em 1967, prestou seu histórico depoimento para o MIS (Museu da Imagem e do Som), no qual foi entrevistada por Hermínio Bello de Carvalho e Ricardo Cravo Albin.
Em 1968, com João da Baiana e Pixinguinha gravou o disco "Gente da antiga", lançado pela Odeon. Neste mesmo ano, ao lado de Nora Ney, Cyro Monteiro e o conjunto Rosa de Ouro, lançou o LP "Mudando de conversa", gravação do show homônimo, realizado no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, com roteiro e direção de Hermínio Bello de Carvalho, disco no qual interpretou "Sabiá" (Maurício Tapajós e Joaquim Cardoso) e "Mulato bamba", de autoria de Noel Rosa.
No ano de 1970 gravou o primeiro disco solo, "Clementina, cadê você?", lançado pelo MIS (Museu da Imagem e do Som) do Rio de Janeiro. Neste disco interpretou, entre outras, "Sei lá, Mangueira" de autoria de Paulinho da Vila e Hermínio Bello de Carvalho e ainda "Vai de saudade" (Candeia e Davi do Pandeiro).
No ano de 1973, após ter se recuperado de uma trombose, lançou pela Odeon o LP "Marinheiro só". Produzido por Caetano Veloso, o disco trouxe do folclore popular a faixa "Marinheiro só", com adaptação de Caetano Veloso. Ainda neste mesmo disco, foram incluídas duas composições de Paulinho da Viola: "Na linha do mar" e "Essa nega pede demais". A própria Clementina fez três adaptações de cantos populares: "Fui pedir às almas santas", "Atraca, atraca" e "Incelença".
Neste mesmo ano de 1973, Milton Nascimento a convidou para gravar a faixa "Escravo de Jó" (Milton Nascimento e Fernando Brant) no disco "Milagre dos peixes". Dois anos depois, foi homenageada outra vez por Milton Nascimento e Fernando Brat na música "Raça", faixa que deu título ao disco de Milton Nascimento lançado nos Estados Unidos.
No ano de 1976 lançou o LP "Clementina de Jesus - convida Carlos Cachaça". No ano seguinte, em 1977, participou como convidada de Clara Nunes no LP "As forças da natureza", no qual interpretou em dueto com a anfitriã a faixa "PCJ-Partido da Clementina de Jesus" de autoria de Candeia.
No ano de 1982 a Escola de Samba Lins Imperial apresentou-se com enredo em sua homenagem, "Clementina - Uma Rainha Negra". Neste mesmo ano, gravou o LP "Canto dos escravos", com Tia Doca e Geraldo Filme, disco no qual interpertaram cânticos dos escravos de Minas Gerais, recolhidos pelo pesquisador Aires da Mata Machado Filho e lançado pela gravadora Eldorado.
No ano de 1984 participou do disco "Partido alto nota 10", de Aniceto do Império, no qual interpretaram em dueto a faixa "Dona Maria Luiza", de autoria de Aniceto do Império.Em 1985, gravou pela EMI Music o disco "Clementina e convidados". O LP contou com a participação de Clara Nunes na faixa "Embala eu" (Albaléria), de Cristina Buarque, em "Tantas você fez" (Candeia), de João Bosco em "Boca de sapo" (João Bosco e Aldir Blanc), além de participações de Roberto Ribeiro na música "Cocorocó", de Paulo da Portela e ainda de Martinho da Vila na faixa "Assim não, Zambi" (Martinho da Vila). Outros convidados importantes foram Dona Ivone Lara, Adoniram Barbosa e Carlinhos Vergueiro.
Neste mesmo disco, figurou também como compositora ao lado de Catoni na faixa "Laçador" e ainda fez diversas adaptações de jongos, corimás, batucadas e partidos-altos para as faixas "Lapa", "Carreiro bebe", "Pica-pau", "Atraca, atraca" e "Fui pedir às almas santas", entre outras.Apresentou-se com Nelson Cavaquinho em vários show, em turnê por Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.Seu último show foi no mês de maio no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, no ano de 1987, vindo a falecer em julho deste mesmo ano
.No ano 2000, às vésperas da comemoração de aniversário de 100 anos de nascimento, foi produzida por Hermínio Bello de Carvalho e João Carlos Carino uma caixa com nove CDs reunindo quase toda a obra gravada em LPs na Odeon, com exceção do disco produzido no MIS (Museu da Imagem e do Som). A caixa, patrocinada pela Petrobras, ainda contou com um livreto com textos de Lena Frias, Luiz Antônio Viana e Hermínio Bello de Carvalho, além de pesquisa feita por Paulo César de Andrade.
No ano 2002 foi lançado o livro "Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências à cantora.





1.Pergunte ao João
2.Incompatibiliade de Gênios
3.Olhar Assim
4.Ingenuidade
5.Defesa
6.Ajoelha
7.Não Quero Mais Amar A Ninguém
8.Itinerário
9.Lacrimário
10.Jongos: Picapau / Carreiro Bebe?
11.5 Cantos de Trabalho: Os Escravos de Jó/Alegria do Carreiro/Ensaboa/Peixeira Catita/Atividade no Abano/Os Escravos de Jó
12.Lapa




2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog... muito bom mesmo! traz várias raridades da música que eu procurava.
    Será que você não consegue disponibilizar o disco Garra (1971) do Marcos Valle?
    Valeu e parabéns

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